ironia, ainda que tardia

Friday, September 15, 2006

uma nota, uma canção especial

Existem alguns versos do Chico Buarque que são realmente sensacionais – embora dizer isso seja o cúmulo do lugar-comum:

E, se de repente,
A gente não sentisse
A dor que a gente finge
E sente,
Se de repente,
A gente distraísse
O ferro do suplício
Ao som de uma canção,
Então, eu te convidaria
Pra uma fantasia
Do meu violão

Ou esse aqui:

Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, aFamília


Alguém já parou para pensar que, na interpretação da música, fica a impressão de que a última vírgula não existe. Isso já me dá idéia para escrever um próximo conto:

O pijama aberto à Família


Mas se tem uma canção que sempre me emociona quando eu ouço é essa aqui, de Dori Caymmi e Nelson Motta, interpretada de forma maravilhosa por Elis Regina:

Saveiros

Nem bem a noite terminou
Vão os saveiros para o mar
Levam no dia que amanhece
As mesmas esperanças
Do dia que passou

Quantos partiram de manhã
Quem sabe quantos vão voltar
Só quando o sol descansar
E se os ventos deixarem
Os barcos vão chegar

Quantas histórias pra contar
Em cada vela que aparece
Um canto de alegria
De quem venceu o mar

O que não somos nós – e a nossa vida – além desses saveiros que tentam vencer o mar? O detalhe é que essa música abre Cabra-Cega, filme nacional, que vi duas vezes e ficou em cartaz em São Paulo no ano passado!

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