ironia, ainda que tardia

Thursday, January 06, 2005

Ode à testosterona

Daniel Soleil Noir

Um poema quase machista...

A poesia é filha bastarda da testosterona,
Neta ilegítima de Deus,
Prima, irmã e conselheira dos deuses
Que habitam os corações das fêmeas.
É tudo o que se pode querer
E bem mais do que se pode supor,
Talvez seja até a melhor parte do amor,
Desde que se ame em verso e prosa
Por todos os dias de nossas vidas,
E desde que se viva a vida também
Como as traçadas linhas do poema,
Nas quais ainda se é permitido sonhar,
Querer e abençoar, não querer e amaldiçoar.
A poesia é todas as coisas do mundo
E nada de mau do que nos rodeia,
É o ventre puro da santa e, ao mesmo tempo,
A cona da prostituta que surge em tentação.
É a castidade do que há de mais sagrado,
O sacrilégio do que existe de profano.
A poesia é tese e antítese,
Como Camões bem nos ensinou.
Ela é a única certeza,
Pois na sua presença a morte não existe,
E chamada dessa maneira,
Como pronome pessoal do caso reto,
Não há quem não seja íntimo de sua beleza,
Da perfeição imperfeita presente em todas as coisas,
Em todas as mulheres desse mundo de Deus,
Já que a poesia também é progesterona,
Matrimônio, noivado, namoro:
O orgasmo de todos os santos em êxtase,
O gozo do capeta no cafundó do Judas,
Lá, onde o diabo perdeu as botas,
E onde eu me encontrei, aqui dentro de mim,

Onde há tanto tempo eu me perdera.

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]



<< Home