Natureza morta
Daniel Pereira Frazão
Sou terreno fértil para o imponderável,
Um solo arado pelo inconcebível,
Tenho húmus logo abaixo da epiderme.
Sou o fruto que guarda a semente,
Mesocarpo suculento nos teus lábios,
O caroço que você cospe de repente.
Sou a flor que agrada o teu olfato,
Sou cálice, sépalas, sou androceu:
Sexo oculto pela fórmula das flores.
Sou o vento que transporta o pólen,
E também o sol que sintetiza o alimento,
Sou em suma a minha própria natureza.
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home