ironia, ainda que tardia

Monday, April 13, 2009

Natureza morta

Daniel Pereira Frazão

Sou terreno fértil para o imponderável,
Um solo arado pelo inconcebível,
Tenho húmus logo abaixo da epiderme.

Sou o fruto que guarda a semente,
Mesocarpo suculento nos teus lábios,
O caroço que você cospe de repente.

Sou a flor que agrada o teu olfato,
Sou cálice, sépalas, sou androceu:
Sexo oculto pela fórmula das flores.

Sou o vento que transporta o pólen,
E também o sol que sintetiza o alimento,
Sou em suma a minha própria natureza.

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