ironia, ainda que tardia

Wednesday, April 15, 2009

Baixo ventre

Daniel Pereira Frazão

Sou o pecado que mora
No baixo do teu ventre,
Sou agora um veneno
Debaixo da tua língua.
Eu sou a palavra que fere,
Sou a arma do homicida,
Já fui a viúva que chora,
Sou você pra toda vida.
Sou a fumaça que sopro,
O cigarro que você fuma.
Eu sou a barba que roça
O cerne da tua loucura.
Sou a fervura da pele,
A febre que enlouquece,
Sou o remédio que mata,
Sou uma doença sem cura.
Desisti do meu passado,
Deixei o futuro pra depois,
Sou comparsa do infinito,
Cúmplice do teu presente.
Sou o passar das horas,
Sua dose diária de ternura,
Sou uma pitada de sal
Sobre a tua derme crua.
Sou uma espécie de frêmito,
O instante do teu gozo,
Tenho a medida do sexo,
Meu tesão não tem censura.

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